1° TURMA 2014

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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Resumindo o Livro Moonwalk de Michael Jackson

Michaeljacksonlivromoonwalk12
Meu amor por chapéus começou muito antes de “Billie Jean”
Enquanto esperávamos, descobrimos que alguém que tinha nos visto no Apollo, havia nos recomendado para “The David Frost Show” na cidade de Nova Iorque. Estávamos indo para estar na TV! Aquela foi a maior emoção que nós já tivemos. Contei a todo mundo na escola, e contei duas vezes a uns que não acreditaram em mim. Estávamos para aparecer lá em poucos dias. Estava contando as horas. Tinha imaginado toda a viagem, tentando descobrir como seria o estúdio e como seria olhar para uma câmera de televisão.
Voltei para casa levando os deveres que meu professor havia me preparado na viagem. Tivemos mais um ensaio e então tivemos que fazer uma seleção final de músicas. Perguntava-me que músicas iríamos fazer.
Aquela tarde, o pai disse que a viagem para Nova Iorque foi cancelada. Nós todos paramos e ficamos olhando para ele.
Estávamos chocados. Eu estava pronto para chorar. Estávamos a ponto de conseguir nossa grande chance. Como eles poderiam ter feito isso conosco? O que estava acontecendo? Por que Mr. Frost tinha mudado sua opinião? Estava cambaleando e penso que todos estavam também. “Eu cancelei”, meu pai anunciou calmamente. Novamente todos nós olhamos para ele, incapazes de falar. “Motown chamou.” Um arrepio percorreu minha espinha.
Eu me lembro dos dias que antecederam aquela viagem com clareza quase perfeita. Posso me ver esperando Randy do lado de fora da classe de primeira série da escola. Era Marlon que o trazia para casa, mas nesse dia trocamos.
A professora de Randy desejou-me sorte em Detroit porque Randy tinha contado a ela que nós estávamos indo fazer uma audição para a Motown. Ele estava tão animado que eu mesmo tive que relembrar que ele realmente não sabia o que era Detroit. Toda a família falando sobre Motown e Randy nem sabia o que era uma cidade. A professora me contou que ele estava olhando para Motown no globo da sala de aula.
}Ela disse que na opinião dela deveríamos fazer “You Don’t Know Like I Know” do modo que ela nos viu fazer no Regal em Chicago quando um grupo de professores que se dirigiram até lá para nos ver. Ajudei Randy colocar seu casaco e educadamente concordei em mantê-la em mente – sabendo que não poderíamos fazer uma canção de Sam e Dave na audição da Motown porque eles eram da Stax, uma gravadora rival.
O pai contou-nos que as gravadoras levam a sério aquele tipo de coisa, assim, ele queria que soubéssemos que não poderia haver brincadeiras quando estivéssemos lá. Ele olhou para mim e disse que tinha gostado de ver seu cantor de dez anos, fazer onze.

Saímos do prédio da Garrett Elementary School caminhando devagar para casa, mas tivemos que apressar o passo. Lembro-me de ficar ansioso com um carro passar colando em nós, depois outro. Randy pegou minha mão e acenamos para o guarda de passagem. Eu sabia que La Toya teria que sair do seu caminho amanhã para levar Randy para a escola porque Marlon e eu deveria estar em Detroit com os outros.
A última vez que tocamos no Fox Theater em Detroit, saímos depois do show e voltamos direto para Gary às cinco horas da manhã. Eu dormi no carro a maior parte do caminho, assim, ir para a escola aquela manhã não foi tão ruim quanto podia ter sido. Mas no ensaio das três horas da tarde eu estava me arrastando como alguém com pesos de chumbo nos pés.
Poderíamos ter deixado aquela noite logo após nosso número, uma vez que éramos o terceiro da lista, mas isso significaria perder a primeira figura: Jackie Wilson. Eu tinha visto ele em outros palcos, mas no Fox ele e sua banda estavam em um palco elevado que levantava quando ele começava seu show. Cansado como eu estava depois da escola o dia seguinte, lembro-me tentando alguns daqueles movimentos no ensaio depois de ter praticado em frente a um grande espelho no banheiro da escola enquanto as outras crianças olhavam. Meu pai estava satisfeito e nós incorporamos esses passos em uma de minhas rotinas.
Pouco antes de Randy e eu virarmos a esquina para a rua Jackson, havia uma grande poça. Olhei para os carros, mas não havia nenhum, então, eu soltei a mão do Randy e pulei a poça, fazendo pressão com meus polegares para pular sem molhar as pontas da minha calça. Olhei de volta a Randy sabendo que ele queria fazer as coisas que eu fiz. Ele deu um passo atrás para conseguir começar a correr, mas eu percebi que aquela era uma poça muito grande, muito grande para ele atravessar sem se molhar, então, sendo um grande irmão em primeiro e um professor de dança em segundo, eu peguei ele antes que ele caísse e se molhasse.
Do outro lado da rua, as crianças da vizinhança estavam comprando doce e até mesmo alguns que estavam dando-me um tempo difícil na escola perguntaram quado nós iríamos para Motown. Eu lhes disse e comprei doce para eles e Randy também, com minha mesada. Não queria que Randy se sentisse mal por eu ir embora.
Quando nos aproximamos de casa eu ouvi Marlon gritar. “Alguém fecha aquela porta!” O lado do nosso mini-ônibus Volkswagen estava bem aberto, e eu estremeci pensando sobre o frio que iria estar na longa viagem até Detroit.
Marlon tinha nos mandado a casa e já estava ajudando Jackie carregar o ônibus com nosso material. Jackie e Tito chegaram em casa em tempo por uma vez. Eles estavam supostamente tendo práticas de basquete, mas o inverno em Indiana não tinha sido nada e estávamos ansiosos para ter um bom começo. Jackie estava no time de basquete do colégio naquele ano, e o pai gostava de dizer que a próxima vez que nós iríamos tocar em Indiana deveria ser quando Rosevelt fosse para os campeonatos estaduais. O deveria tocar entre os jogos da noite e da manhã e Jackie faria o tiro de lançamento para o título. O pai gostava de provocar-nos, mas você nunca sabia o que podia acontecer com os Jacksons. Ele queria que fôssemos bons em muitas coisas, não somente música. Eu penso que talvez ele tivesse aquele impulso de seu pai, que lecionava. Eu sei que meus professores nunca foram duros conosco como ele era, e eles eram pagos para ensinar e exigir.

A mãe veio à porta e deu-nos a garrafa térmica e os sandwiches que ela tinha embalado. Eu me lembro dela me dizendo para não rasgar a camisa de vestido que ela tinha guardado para mim depois de costura-lo na noite anterior. Randy e eu ajudamos a colocar algumas coisas no ônibus e depois voltamos para a cozinha, onde Rebbie estava mantendo um olho no jantar do pai e outro na pequena Janet, que estava na cadeira alta.
A vida de Rebbie nunca foi fácil como a mais velha. Sabíamos que logo que a audição da Motown acabasse, nós descobriríamos se teríamos que mudar ou não. Se nós mudássemos, ela mudaria para o Sul com seu noivo.
Ela sempre correu com as coisas quando a mãe estava na escola à noite terminando o diploma de ensino médio que lhe negaram por causa de sua doença.
Eu não podia acreditar quando a mãe nos contou que estava indo pegar seu diploma. Lembro preocupando-me que ela teria que ir para a escola com crianças da idade de Jackie ou Tito e que elas ririam dela. Lembro como ela riu quando eu disse isso a ela e como ela pacientemente explicou que estaria com outros adultos. É interessante ter uma mãe que faz lição como o resto de nós.

Carregar o ônibus foi mais fácil que o usual. Normalmente Ronnie e Johnny teriam vindo para nos dar suporte, mas os próprios músicos da Motown deveriam tocar atrás de nós, então, fomos sozinhos. Jermaine estava em nossa sala finalizando alguns de suas atribuições quando eu entrei. Sabia que ele queria tirá-las do caminho. Ele disse que nós deveríamos ir para a Motown por nós mesmos e deixar o pai, uma vez que Jackie tinha pego a chave do motorista e estava de posse de um molho de chaves. Nós dois rimos, mas no fundo, eu não podia imaginar indo sem o pai. Mesmo nas ocasiões quando a mãe levava nossos ensaios depois da escola porque o pai não havia chegado de seu turno em casa a tempo, ainda era como tê-lo lá porque ela agia com os olhos e ouvidos dele. Ela sempre sabia o que tinha sido bom na noite anterior, e o que tinha ficado inconsistente hoje. O pai saberia disso à noite. Parecia que eles davam sinais ou alguma coisa um ao outro – O pai podia sempre dizer se nós estaríamos tocando como supúnhamos por alguma indicação invisível da mãe.
Não houve um longo adeus na porta quando saímos para a Motown. Mamãe estava acostumada com nossa ausência por dias e durante férias escolares. La Toya ficou um pouco amuada porque queria ir. Ela tinha somente nos visto em Chicago e nunca pudemos ficar tempo suficiente em lugares como Boston ou Phoenix para trazer alguma coisa a ela na volta. Penso que nossas vidas podiam parecer bastante encantadoras para ela porque ela tinha que ficar em casa e ir para a escola. Rebbie tinha suas mãos ocupadas tentando colocar Janet para dormir, mas disse adeus e acenou. Dei a Randy um último afago na cabeça e nós saímos.
O pai e Jackie olharam o mapa quando começamos a andar, a maior parte por costume, porque tínhamos ido para Detroit antes, claro. Passamos pelo estúdio de Mr. Keith no centro da cidade junto ao City Hall enquanto atravessamos a cidade. Tínhamos feito alguns demos no estúdio de Mr. Keith que o pai enviou para Motown depois do disco da Steeltown. O sol estava se ponto quando nós batemos a estrada. Marlon anunciou que se ouvíssemos nossos registros na WVON (rádio – nota do blog) isso iria nos trazer sorte. Todos nós concordamos. O pai nos perguntou se nos lembrávamos o que WVON significava enquanto ele cutucava Jackie para que este ficasse quieto. Fiquei olhando pela janela, pensando sobre as possibilidades que se seguiriam adiante, mas Jermaine interrompeu. “Voz de Negro,” ele disse.
Logo estávamos dando nomes a todas as estações. “WGN-World’s Greatest Newspaper” (O Maior Jornal do Mundo). A Tribuna de Chicago era o proprietário. “WLS -World’s Largest Store.” (Sears) – (A Maior Loja do Mundo). “WCFL…” Nós paramos, perplexos. “Chicago Federation of Labor,”(Federação do Trabalho de Chicago), o pai dsse, apontando para a garrafa térmica. Viramos para I-94, e a estação de Gary desapareceu sob a estação de Kalamazoo. Começamos a dar voltas procurando músicas dos Beatles na CKLW de Windsor, Ontário, Canadá.

Sempre tinha sido um fã do Monopoly (jogo Banco Imobiliáio – nota do blog) em casa e lá havia alguma coisa sobre como dirigir a Motown que era um pouco como aquele jogo. No Monopoly você pode ir ao redor do tabuleiro comprando coisas e tomando decisões; o circuito de teatro onde tocamos e vencemos concursos era tipo como o tabuleiro do Monopoly cheio de possibilidades e armadilhas. Depois de todas as paradas ao longo do caminho, nós finalmente aterrizamos no Apollo Theater em Harlen, que era definitivamente o parque do lugar para jovens artistas como nós. Agora estávamos no nosso caminho, a estrada principal dirigindo-se para a Motown. Deveríamos vencer o jogo ou passaríamos ao seguinte com um extenso tabuleiro separando nosso objetivo para outro circuito?
Havia alguma coisa mudando em mim, e eu poderia sentir isso, mesmo tremendo no microônibus. Por anos, fizemos o caminho até Chicago perguntando se éramos bons o suficiente para sair alguma vez de Gary, e nós éramos. Assim, pegamos o carro para Nova Iorque, certos de que iríamos afundar se não fôssemos bons o suficiente para triunfar lá. Mesmo essas noites em Philadelphia e Washington não me tranquilizaram o suficiente para me impedir de perguntar se não havia alguém ou algum grupo que não conhecíamos em Nova Iorque que poderia nos vencer. Quando fizemos uma audição demolidora no Apollo, finalmente sentimos que nada poderia ficar no nosso caminho. Estávamos indo para Motown e tampouco nada lá iria nos surpreender. Estávamos indo surpreendê-los, assim como sempre fizemos.
O pai tirou as instruções do porta-luvas e paramos fora da estrada, passando no final da Woodward Avenue. Não havia muitas pessoas nas ruas porque era uma noite de aulas para todos os outros.
O pai estava um pouco nervoso sobre se nossas acomodações deveriam estar ok, que me surpreendeu até eu perceber que o pessoal da Motown tinha escolhido o hotel. Nào estávamos acostumados ter as coisas feitas para nós. Gostávamos de ser nossos próprios patrões. O pai tinha sido sempre nosso agente de reserva, agente de viagem, e gerente. Quando ele não estava cuidando dos nossos arranjos, a mãe estava. Então, não era de admirar que mesmo a Motown conseguiu fazer com que o pai suspeitasse que ele deveria ter feito as reservas, que ele deveria ter tratado de tudo.
Ficamos no Gotham Hotel. As reservas tinham sido feitas e tudo estava em ordem. Havia uma TV em nossa sala, mas todas as estações tinham terminado, e com a audição às dez horas, não era o caso de ficar até mais tarde. O pai nos colocou direito na cama, trancou a porta e saiu. Jermaine e eu estávamos demasiado cansados até mesmo para conversar.
Levantamos todos na hora certa na manhã seguinte; o pai cuidou disso. Mas, na verdade, estávamos tão animados quanto ele e pulamos da cama quando ele nos chamou. A audição foi incomum para nós porque não tínhamos tocado em muitos lugares onde eles esperavam-nos ser profissional. Sabíamos que iria ser difícil julgar se estávamos fazendo bem. Estávamos acostumados com a resposta da audiência se estávamos competindo ou somente nos apresentando em um clube, mas o pai tinha contado que quanto mais ficássemos, mais eles queriam ouvir.
Subimos na VW (Volkswagen – nota do blog) depois do leite e cereal do café. Notei que eles ofereceram aveia no menu, então eu sabia que lá havia muitas pessoas do Sul que permaneciam lá. Até então, nunca tínhamos estado no Sul e queria visitar a parte da mãe no país algum dia. Queríamos ter um senso de nossas raízes e aquelas de outras pessoas negras, especialmente depois do que tinha acontecido para Dr. King (Martin Luther King Jr, ativista político – nota do blog).
Eu me lembro tão bem o dia que ele morreu. Todo mundo ficou arrasado. Nós não ensaiamos aquela noite. Eu estava no Salão do Reino com a mãe e alguns dos outros. Pessoas estavam chorando como se tivessem perdido um membro da própria família. Mesmo os homens que usualmente não se comoviam, foram incapazes de controlar sua tristeza.
Eu era tão jovem para compreender toda a tragédia da situação, mas quando eu olho de volta para aquele dia agora, me faz querer chorar – por Dr. King, por sua família, e por todos nós.

Jermaine foi o primeiro a localizar o estúdio que era conhecido como Hitsville, USA. Parecia desorganizado, o que não era a mimha expectativa. Nos perguntamos quem podia ver, que podia estar lá fazendo um registro aquele dia. O pai tinha nos treinado para deixar a ele toda a conversa. Nosso trabalho era realizar a performance como nunca havíamos feito antes. E aquilo era pedir muito, porque sempre colocamos tudo em cada performance, mas sabíamos o que ele queria dizer.
Havia muitas pessoas esperando lá dentro, mas o pai disse a senha, e um homem com camisa e gravata veio ao nosso encontro. Ele sabia cada um de nossos nomes, o que espantou-nos. Ele nos pediu para deixarmos nosso casaco lá e segui-lo. A outra pessoa apenas olhava através de nós como se fôssemos fantasmas. Perguntei quem eles eram e quais eram as suas histórias. Tinham viajado longe? Tinham eles estado lá dia após dia na esperança de entrar sem uma consulta?
Quando entramos no estúdio, um dos homens da Motown estava ajustando uma câmera de cinema. Havia uma área instalada com instrumentos e microfones. O pai sumiu dentro de uma das cabines de som para falar com alguém. Tentei fingir que estava no teatro Fox, em cima do palco e que este foi apenas negócios como usual. Olhando em volta, eu decidi que se alguma vez eu construísse meu próprio estúdio, eu teria um microfone como um que eles tinham no Apollo, que subia do chão.
Quase caí de cara no chão uma vez descendo os degraus do porão para tentar descobrir para onde o microfone foi quando desapareceu lentamente sob o chão do palco.

A última música que nós cantamos foi “Who’s Lovin’You.” Quando terminamos, ninguém aplaudiu ou disse uma palavra. Eu não poderia ficar sem saber, então eu soltei: “Como foi?” Jermaine silenciou-me. Os homens mais velhos que estavam atrás de nós estavam rindo de alguma coisa. Olhei para eles com a ponta dos meus olhos. “Jackson Five, huh?” Um deles chamou com um grande sorriso no seu rosto. Eu estava confuso. Penso que meus irmãos estavam também.
O homem que havia nos levado de volta disse: “Obrigada por terem vindo.” Olhamos para o rosto do pai para alguma indicação, mas ele não parecia satisfeito ou desapontado. Era ainda dia quando saímos. Pegamos a I-94 de volta a Gary, vencidos, sabendo que havia lição de casa para fazer amanhã, perguntando se tudo aquilo era o que havia para isso.

Michaeljacksonlivromoonwalk46
A mídia escreve coisas estranhas sobre mim todo o tempo. A distorção da verdade me incomoda. Eu geralmente não leio muito do que é impresso, embora frequentemente ouço sobre isso.
Eu não entendo por que eles sentem necessidade de inventar coisas sobre mim. Eu suponho que se não há nada escandaloso para denunciar, é necessário fazer as coisas interessantes. Eu levo um pouco de orgulho em pensar que venho muito bem, consideradas todas as coisas. Muitas das crianças no negócio do entretenimento acabaram usando drogas e destruindo a si mesmos. Frankie Lymon, Bobbie Driscoll, alguns de uma série de estrelas infantis. E eu posso entender a virada deles para as drogas considerando o enorme estresse colocado sobre eles em uma idade jovem. É uma vida difícil. Muito poucos conseguem manter alguma semelhança de uma infância normal.
Eu mesmo nunca tentei usar drogas – não maconha, não cocaína, nada. Quero dizer, eu nem sequer experimentei estas coisas.
Esqueça.

Isto não quer dizer que nunca fomos tentados. Éramos músicos trabalhando durante uma era quando o uso de drogas era comum. Eu não quero fazer julgamento. Não é uma questão moral para mim – mas eu tenho visto as drogas destruirem tantas vidas para pensar que elas são algo para se brincar. Eu certamente não sou um anjo, e posso ter meus próprios hábitos ruins, mas as drogas não estão entre eles.
No momento em que Ben saiu, sabíamos que iríamos dar a volta ao mundo. A música soul americana tinha se tornado tão popular em outros países quanto o blue jeans e os hamburgers. Fomos convidados para nos tornar uma parte daquele grande mundo, e em 1972 começamos nossa primeira turnê ao redor do mundo com uma visita para a Inglaterra. Apesar de nunca estarmos lá antes, ou aparecido na televisão britânica, as pessoas sabiam todas as letras de nossas músicas. Tinham até faixas com nossas fotos junto, eles e Jackson 5 escrito com letras muito grandes. Os teatros eram menores do que os que nós usamos para nos apresentar nos Estados Unidos, mas o entusiasmo das multidões era muito gratificante quando finalizávamos cada música. Eles não gritavam durante as músicas da maneira que as multidões faziam voltando para casa, assim, as pessoas de lá podiam realmente dizer quão bom Tito estava ficando na guitarra, porque eles podiam ouvi-lo.
Levamos Randy junto porque queríamos dar experiência a ele e permitir que ele visse o que estava acontecendo. Ele não era oficialmente parte da nossa apresentação, mas permanecia no fundo com os bongôs. Ele tinha seu próprio equipamento de Jackson 5, assim, quando nós o introduzíamos, as pessoas aplaudiam. A próxima vez que nós voltamos, Randy deveria ser parte do nosso grupo. Eu tinha tocado os bongôs antes de Randy e Marlon tinha tocado antes de mim, então, isso se tornou quase uma tradição iniciar um novo componente naqueles pequenos loucos tambores.
Nós tínhamos três anos de sucesso atrás de nós naquela primeira turnê pela Europa, então, já o suficiente para satisfazer tanto as crianças que seguiam nossa música como a rainha da Inglaterra, que nós conhecemos no Royal Command Performances (Royal Command Performance no Reino Unido é qualquer desempenho por atores e músicos, que ocorre na direção ou pedido de um monarca reinante – nota do blog). Aquilo foi muito emocionante para nós. Eu tinha visto fotografias de outros grupos, como os Beatles, encontrando a Rainha depois de desempenhar performances, mas eu nunca sonhei que teríamos a chance de tocar para ela.
Inglaterra foi nosso ponto de partida e isto era diferente de qualquer lugar que havíamos estado antes, mas o mais longe que nós viajamos, parecia o mais exótico do mundo. Nós vimos os grandes museus de Paris e as belas montanhas da Suíça. A Europa era uma educação das raízes da cultura ocidental e, em uma maneira, uma preparação para visitas em países orientais que eram mais espirituais. Eu estava muito impressionado como as pessoas não valorizavam coisas materiais tanto quanto valorizavam animais e natureza. Por exemplo, China e Japão foram países que me ajudaram a crescer porque esses países me fizeram entender que havia mais para viver do que as coisas que você podia segurar em suas mãos ou ver com seus olhos. E em todos esses países, as pessoas tinham ouvido falar de nós e gostavam de nossa música.
Austrália e Nova Zelândia, nossas próximas paradas, eram de língua inglesa, mas nós conhecemos pessoas que ainda viviam em tribos no sertão. Eles nos cumprimentavam como irmãos mesmo pensando que eles não falavam nossa língua. e eu já precisava de provas de que todos os homens poderiam ser irmãos, eu certamente as tive durante essa turnê.
E depois houve a África. Tínhamos lido sobre a África porque nossa tutora, Rose Fine, tinha preparado lições especiais dos costumes e história de cada país que nós visitamos. Não conseguimos ver as partes mais bonitas da África, mas o oceano e a costa e as pessoas eram inacreditavelmente lindas perto da costa onde nós estávamos. Um dia fomos a uma reserva de caça e observamos animais selvagens andando. A música era de abrir os olhos também. O ritmo era fenomenal.
O Royal Performance Command relembram uma das maiores honras de minha vida
O Royal Performance Command relembram uma das maiores honras de minha vida
Quando nós saímos do avião pela primeira vez, era madrugada e havia uma longa fila de dança africana em seus trajes nativos com tambores e chocalhos. Eles estavam dançando ao redor, nos acolhendo. Realmente estavam ali. Cara, isso era alguma coisa. Que maneira perfeita de receber-nos para a África. Nunca esquecerei aquilo.
E os artesãos no mercado eram incríveis. Pessoas estavam fazendo coisas enquanto nós assistíamos e vendendo outras coisas. Lembro de um homem que fazia lindas esculturas em madeira. Ele perguntava a você o que você queria e você dizia: “O rosto de um homem,” e ele pegava um pedaço do tronco de árvore, cortava-o, e criava um notável rosto. Você podia vê-lo fazer diante dos seus olhos. Eu tinha acabado de sentar ali e via pessoas se aproximando e pedindo para ele fazer alguma coisa para eles e ele fazer tudo isso repetidas vezes.
Foi uma visita ao Senegal que nos fez perceber o quão afortunado nós éramos e como nossa herança africana tinha ajudado a nos fazer o que nós éramos. Nós visitamos um velho, abandonado acampamento de escravo na ilha de Gore e ficamos tão comovidos. O povo africano tinha nos dado dons de coragem e resistência que não podíamos esperar para pagar.
Eu acho que se a Motown pudesse nos manter na idade que queriam que tivéssemos, eles iriam querer que Jackie permanecesse na idade que tinha quando começamos uma turnê e ter cada um de nós a alcançá-lo – embora eu penso que eles teriam querido manter-me um ano, ou mais, novo, assim que eu poderia ser ainda uma estrela mirim. Aquilo poderia soar sem sentido, mas não era muito mais forçado do que a forma com que eles continuavam a moldar-nos impedindo de ser um real grupo com sua própria direção interna e ideias. Nós estávamos crescendo e estávamos expandindo criativamente. Tínhamos muitas ideias que queríamos experimentar, mas eles estavam convencidos de que nós não se deveríamos brincar com uma fórmula de sucesso. Pelo menos não nos deixaram até que minha voz mudou, como alguns disseram que eles poderiam.
Chegou a um ponto que parecia que eram mais gente na cabine do que havia no chão do estúdio, em determinado momento. Todos eles pareciam estar esbarrando uns nos outros, dando conselhos e monitorando nossa música.
Nossos fãs leais estavam apegados a nós em discos como “I Am Love” e “Skywriter.” Essas músicas eram gravações pop musicalmente ambiciosos, com sofisticados arranjos de cordas, mas elas não eram adequadas para nós. Claro, nós não podíamos fazer “ABC” por toda as nossas vidas – o que foi a última coisa que queríamos – mas até os fãs mais velhos pensavam que havia mais coisa que “ABC” e que era difícil para nós viver com isso. Durante meados dos anos setenta estávamos em perigo de nos tornar em um número desatualizado, e eu não tinha nem 18 anos ainda.
Quando Jermaine casou com Hazel Gordy, filha de nosso chefe, pessoas estavam piscando para nós, dizendo que nós sempre estaríamos cuidados depois. De fato, quando “Get It Together” saiu em 1973, ela recebeu de Berry o mesmo tratamento que “I Want You Back” tinha recebido. Foi o nosso maior sucesso em dois anos, embora você poderia ter dito que nosso primeiro sucesso era mais como um transplante ósseo, que um formidável pequeno bebê. Ainda assim, “Get It Together,” teve uma boa harmonia, baixo sólido, guitarra aguda e cordas que zumbiam como vaga-lumes. Estações de rádio gostaram, mas não tanto como os novos clubes de dança chamados discoteca fizeram. Motown se apoiou nisso e voltou a trazer Hal Davis dos tempos da Corporação para colocar real essência em “Dancing Machine.” O Jackson 5 já não eram apenas o grupo de backup para os 101 Strings ou o que seja.
Motown tinha percorrido um longo caminho desde os primeiros dias quando você podia encontrar músicos de estúdio completando a sessão deles paga com shows de boliche. Uma nova sofisticação surgiu na música em “Dancing Machine.” Esta música tinha a melhor parte de instrumentos de sopro que já tínhamos trabalhado e uma “máquina de bolhas” no intervalo, tirada do sintetizador de ruído, que impedia que a música saísse completamente do estilo. A disco music tinha seus detratores, mas para nós parecia nosso rito de passagem para o mundo adulto.
Eu amava “Dancing Machine,” amava o estilo e o sentimento daquela música. Quando ela saiu em 1974, eu estava determinado a encontrar um movimento de dança que realçasse a música e a fizesse mais emocionante para executar – e, eu esperava, mais emocionante para assistir.
Então, quando nós cantamos “Dancing Machine” no “Soul Train, ” eu fiz um movimento de dança de estilo de rua chamado The Robot. Aquela performance foi para mim uma lição do poder da televisào. De um dia para o outro, “Dancing Machine” subiu para o topo das paradas e dentro de alguns dias parecia que todas as crianças dos Estados Unidos estavam fazendo o Robot. Eu nunca tinha visto nada assim.
 
Berry estava envolvido de perto em tudo o que nós fazíamos, incluindo nossa aparição no Especial TV Diana Ross em 1971
Berry estava envolvido de perto em tudo o que nós fazíamos, incluindo nossa aparição no Especial TV Diana Ross em 1971
Motown e o Jackson 5 podiam concordar em uma coisa: como nossa atuação cresceu, nosso público também deveria. Nós tínhamos dois recrutas chegando: Randy já tinha excursionado conosco e Janet estava mostrando talento com seu canto e aulas de dança. Não podíamos colocar Randy e Janet em nossa linha de idade assim como não poderíamos colocar blocos quadrados em buracos redondos. Eu não quero insultar seu talento considerável dizendo que o show business estava em seu sangue para que eles simplesmente tomassem seus lugares automaticamente, como se tivéssemos reservado um quarto para eles. Eles trabalharam duro e ganharam seus lugares no grupo. Eles não se juntaram a nós porque compartilharam as refeições conosco e nossos brinquedos antigos.
Se você dependesse somente do sangue, eu teria tanto de operador de guindaste como de cantor em mim. Você não pode mensurar estas coisas. O pai trabalhava duro conosco, e mantinha certos objetivos em vista enquanto tecia sonhos à noite.
Assim como os clubes noturnos pareciam um lugar muito improvável para um grupo de crianças tornar-se uma apresentação de adultos, Las Vegas, com seus teatros, não era exatamente a atmosfera familiar que a Motown tinha originalmente preparado para nós, mas, mesmo assim, decidimos tocar lá. Não havia muito para fazer em Las Vegas se você não jogasse, mas nós pensamos nos teatros da cidade somente como grandes clubes com essas horas e clientes de nossos dias de Gary e do lado Sul de Chicago – exceto para os turistas. Multidões de turistas era uma coisa boa para nós, pois conheciam nossos antigos sucessos e assistiam nossos esquetes e escutavam novas músicas sem ficarem inquietos. Foi reconfortante ver a satisfação em seus rostos quando Janet saiu com seu traje de Mae West para fazer um número ou dois.

Nós tínhamos realizado esquetes antes, em um especial de TV de 1971 chamado “Goin’ Back To Indiana, que celebrou nosso regresso a casa de Gary a primeira vez que nós todos decidimos retornar. Nossos discos tinham se transformado em sucessos por todo o mundo desde que havíamos visto nossa cidade pela última vez.
Foi ainda mais divertido fazer sátiras com nove de nós, ao invés de apenas cinco, além do que aconteceu de convidados aparecer com a gente. Nossa formação ampliada foi um sonho transformado em realidade para o pai. Olhando para trás, eu sei que os shows de Las Vegas foram uma experiência que eu nunca irei recapturar. Nós não tínhamos a alta pressão de concertos das multidões querendo todas as nossas músicas de sucessos e nada mais. Estávamos temporariamente livres das pressões de ter que estar à altura do que todos estavam fazendo. Tínhamos uma balada ou duas em cada show para quebrar na minha “nova voz.” Aos quinze anos, eu estava tendo que pensar em coisas como aquela.
Havia pessoas da CBS TV em nossos shows de Las Vegas e se aproximaram de nós interessados em fazer um show de variedade para o próximo verão. Estávamos muito interessados e satisfeitos de estarmos sendo reconhecidos como mais do que somente um “Grupo da Motown.” Com o tempo, esta distinção não seria perdido em nós. Porque tínhamos controle criativo sobre a nossa revista de Las Vegas, foi difícil para  retornarmos à nossa falta de liberdade em gravar e escrever música quando voltamos a Los Ângeles. Tínhamos sempre desejado produzir e desenvolver na área musical. Este era nosso pão e manteiga, e sentimos que estávamos sendo retidos. Algumas vezes eu sentia que estávamos sendo tratados como se ainda vivêssemos na casa de Berry Gordy – e com Jermaine agora um genro, nossa frustração estava somente aumentando.
No momento em que começamos colocando nossa própria atuação em conjunto, havia sinais de que outras instituições da Motown estavam mudando. Marvin Gaye assumiu o comando de sua própria música e produziu seu álbum magistral, What’s Going’ On.
Stevie Wonder estava aprendendo mais sobre teclados eletrônicos que os tipos experientes de estúdio contratados – eles estavam vindo até ele para conselho. Uma de nossas últimas grandes memórias de nossos dias de Motown é de Stevie conduzindo-nos em cantar para apoiar sua dura, controversa música “You Haven’t Done Nothin’. ” Embora Stevie e Marvin ainda estavam no time da Motown, eles lutaram para – e venceram – o direito de de fazer seus próprios discos, e até mesmo publicar suas próprias músicas. Motown ainda não tinha mexido conosco. Para eles, nós ainda éramos crianças, mesmo que eles não estavam nos vestindo e nos ‘protegendo’ por mais tempo.

Nossos problemas com a Motown começaram por volta de 1974, quando nós dissemos a eles em termos inequívocos, que queríamos escrever e produzir nossas próprias músicas. Basicamente nós não gostávamos da maneira como nossa música soava na época. Nós tínhamos um forte impulso competitivo e sentíamos que estávamos em perigo de sermos eclipsados por outros grupos que estavam criando um som mais contemporâneo.
Motown disse, “Não, vocês não podem escrever suas próprias músicas; vocês têm que ter compositores e produtores.” Eles não somente recusaram a conceder nossos pedidos, eles nos disseram que era um tabu até mesmo mencionar que queríamos fazer nossa própria música. Eu realmente desanimei e comecei a desgostar de todo o material que a Motown estava nos alimentando. Eventualmente eu me tornei tão decepcionado e chateado que eu queria deixar a Motown para trás.
Quando eu sinto que algo não está certo, eu tenho que falar. Eu sei que a maioria das pessoas não pensam em mim como difícil ou de temperamento forte, mas isso é somente porque eles não me conhecem. Eventualmente meus irmãos e eu chegamos a um ponto com a Motown onde nós éramos infelizes, mas ninguém dizia nada. Meus irmãos não diziam nada. Meu pai não dizia nada. Por isso, foi a mim para marcar uma reunião com Berry Gordy e falar com ele. Eu era o único que tinha a dizer que nós – o Jackson 5 – estávamos indo para deixar a Motown.
Eu fui vê-lo, face a face, e foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz. Se eu tivesse sido o único de nós que estava infeliz, eu poderia ter mantido a minha boca fechada, mas havia tanta conversa em casa sobre como infeliz nós todos estávamos, que eu fui e falei com ele, e disse a ele o que sentíamos. Disse a ele que eu estava infeliz.

Lembre-se, eu amo Berry Gordy, eu penso que ele é um gênio, um homem brilhante que é um dos gigantes da indústria da música. Eu não tenho nada além do respeito por ele, mas aquele dia eu estava um leão. Aquele dia eu reclamei que não éramos permitidos qualquer liberdade para escrever e produzir músicas. Ele me disse que ele ainda pensava que nós precisávamos de produtores de fora para fazer nossos discos.
Mas eu conhecia melhor, Berry estava falando com raiva. Foi uma reunião difícil, mas nós somos amigos de novo, e ele ainda é como um pai para mim – muito orgulhoso de mim e feliz com o meu sucesso. Não importa o que, eu sempre vou amar Berry porque ele me ensinou algumas das coisas mais valiosas que eu aprendi na minha vida. Ele é o homem que disse ao Jackson 5 que eles se tornariam uma parte da história, e é exatamente isso o que aconteceu. Motown tem feito tanto para tantas pessoas ao longo dos anos. Eu sinto que nós somos afortunados de ter sido um dos grupos que Berry pessoalmente introduziu ao público e devo agradecimentos enormes a este homem.
Minha vida teria sido muito diferente sem ele. Todos nós sentimos que a Motown nos iniciou, apoiando nossas carreiras profissionais. Nós todos sentimos que nossas raízes estavam lá, e todos nós desejávamos que poderíamos ficar. Estávamos gratos por tudo que eles tinham feito por nós, mas a mudança é inevitável. Eu sou uma pessoa do presente, e eu tenho que perguntar: Como as coisas estão indo agora? O que está acontecendo agora? O que vai acontecer no futuro, que poderia afetar o que aconteceu no passado?

É importante para os artistas sempre manterem o controle de suas vidas e trabalho. Tem sido um grande problema no passado com artistas sendo aproveitados. Eu aprendi que uma pessoa pode evitar que isso aconteça por levantar-se pelo que ele ou ela acredita que é certo, sem preocupação com as consequências. Poderíamos ter ficado com a Motown, mas se tivéssemos, provavelmente seria um ato obsoleto.
Eu sabia que era hora de mudar, assim nós seguimos nossos instintos, e ganhamos quando decidimos tentar um novo começo com outro selo. Epic.
Estávamos aliviados que finalmente tínhamos feito nossos sentimentos transparentes e cortar os laços que estavam ligando- nos, mas realmente estávamos também desolados quando Jermaine decidiu permanecer com a Motown. Ele era genro de Berry e sua situação era mais complicada do que a nossa. Ele pensou que era mais importante para ele ficar do que sair, e Jermaine sempre fez o que a sua consciência lhe disse, então, ele deixou o grupo.
Lembro-me claramente do primeiro show que fizemos sem ele, porque era muito doloroso para mim. Desde os meus primeiros dias no palco – e até mesmo em nossos ensaios em nossa sala de estar de Gary – Jermaine ficava à minha esquerda com seu baixo. Eu dependia de estar próximo de Jermaine. E quando eu fiz aquele primeiro show sem ele lá, sem ninguém ao meu lado, eu me senti totalmente desguarnecido no palco pela primeira vez na minha vida. Então nós trabalhamos duro para compensar a perda de uma de nossas estrelas brilhantes, Jermaine. Lembro-me bem do show porque tivemos três ovações. Nós trabalhamos duro.
Quando Jermaine deixou o grupo, Marlon teve a chance de tomar o seu lugar e ele realmente brilhou no palco. Meu irmão Randy oficialmente tomou o meu lugar como tocador do bongô e a criança da banda.
Na época em que Jermaine saiu, as coisas estavam ainda mais complicadas para nós pelo fato de que nós estávamos fazendo uma estúpida série de TV de substituição de verão. Foi uma jogada idiota concordar em fazer aquele show e eu odiava cada minuto.

Eu amava o antigo desenho animado “Jackson Five”. Eu costumava acordar cedo nas manhãs de sábado e dizer: “Eu sou um desenho animado!” Mas eu odiava fazer este programa de televisão porque eu senti que iria prejudicar a nossa carreira musical, em vez de ajudá-la. Eu acho que uma série de TV é a pior coisa que um artista que tem uma carreira musical pode fazer. Eu ficava dizendo, “Mas isso vai prejudicar nossas vendas de discos”. E outros disseram: “Não, isso vai ajudá-las.”
Eles estavam totalmente errados. Tivemos que vestir em trajes ridículos e executar estúpidas rotinas de comédia de riso enlatado. Era tudo tão falso. Nós não tínhamos tempo para aprender ou dominar qualquer coisa sobre televisão. Nós tivemos que criar três números de dança um dia, tentando cumprir um prazo. As avaliações de Nielsen (Avaliações de Nielsen são os sistemas de medição de audiência desenvolvidos pela Companhia Nielsen, num esforço para determinar o tamanho da audiência e composição de programação de televisão nos Estados Unidos – nota do blog) controlavam nossas vidas de semana para semana. Eu nunca faria isso de novo. É uma estrada sem saída. O que acontece é em parte psicológico. Você está na casa das pessoas toda semana e elas começam a sentir que te conhecem muito bem. Você está fazendo toda essa comédia boba de riso enlatado e sua música começa a recuar para o fundo. Ao tentar levar a sério de novo e pegar sua carreira onde você parou, você não pode porque você está superexposto. As pessoas estão pensando de você como os caras que fazem as tolas, loucas rotinas. Uma semana você é o Papai Noel, na semana seguinte você é o Príncipe Encantado, outra semana você é um coelho. É uma loucura porque você perde a sua identidade no negócio, a imagem roqueira que você tinha desapareceu. Eu não sou um comediante. Eu não sou um apresentador. Eu sou um músico. É por isso que eu tenho recusado ofertas para ser anfitrião dos Grammy Awards e American Music Awards. É realmente divertido para mim para chegar até lá e falar algumas piadas fracas e forçar as pessoas a rir porque eu sou Michael Jackson, quando eu sei que no meu coração eu não sou engraçado?
 http://falandodemichaeljackson.wordpress.com

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